Opinião
Eventos climáticos causam queda na safra de grãos em 2024 no Brasil
Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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País continental com a vastidão de terras férteis para a produção de alimentos, como o Brasil, são poucos no mundo. Aqui ha espaço para todos que queiram produzir, desde os grandes produtores, até os chamados agricultores familiares. O Brasil está entre os três maiores produtores agrícolas do mundo, superado apenas por China e Estados Unidos. Entretanto, a agricultura é uma atividade dependente de fatores climáticos e a mudança no clima pode afetar a produção agrícola de várias maneiras.
Alterações na frequência de eventos extremos, relacionados com os regimes térmicos e hídricos, ou pelo aumento dos problemas causados por pragas e doenças, são alguns dos problemas enfrentados pelos produtores. É exatamente o cenário que está ocorrendo com a produção de grãos brasileira na safra 2023/2024. As dificuldades podem ser resumidas nos problemas climáticos, que geram incertezas e prejudicam a tomada de decisão pelos produtores. Com isso, a produção brasileira de grãos deve alcançar 306,4 milhões de toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), inferior a safra recorde de 322,8 milhões de toneladas em 2022/2023. Os fatores pontuais destacados para a redução da produção são atribuídos às condições climáticas instáveis, com chuvas escassas e mal distribuídas, aliadas a altas temperaturas na região central do País, além de precipitações volumosas na região sul, o que tem influenciado de maneira negativa no potencial produtivo das lavouras.
A principal cultura cultivada no País, a soja deve apresentar uma produção de 155,3 milhões de toneladas. O resultado representa uma quebra de 4,2% na expectativa, uma vez que as primeiras projeções apontavam para uma colheita de 162 milhões de toneladas. Outro importante produto presente diariamente na mesa da maioria dos brasileiros, o arroz tem uma estimativa de produção de 10,8 milhões de toneladas. Se por um lado os preços do grão foram incentivos para o aumento de área em alguns estados produtores, por outro, o atraso no plantio, o volume excessivo de chuvas ou de períodos de veranicos que ocorreram em regiões diversas, além das dificuldades nos tratos culturais, são variáveis para o registro de impactos desfavoráveis na produtividade. Outro grão importante, o feijão é esperado certa estabilidade na produção quando comparada com a safra anterior, chegando a uma colheita de 3,03 milhões de toneladas. Também, nesse caso, a instabilidade do clima tem causado insegurança para os produtores que já implantaram a primeira safra e já dão sinais de alterações negativas.
No caso do milho em que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial, a produção total está estimada em 117,6 milhões de toneladas, redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior. Os EUA produzem 348.369 milhões de toneladas e China 272 milhões de toneladas do grão. A queda é resultado de uma menor área plantada e de uma piora na expectativa de rendimento das lavouras. A primeira safra do grão, que representa 20,7% da produção, vem enfrentando situações adversas como, elevadas precipitações nos estados do Sul, baixas pluviosidades acompanhadas pelas altas temperaturas no Centro-Oeste. Da mesma maneira ocorre com outras culturas como o algodão e as frutas, em que o Brasil é o terceiro maior produtor do mundo com mais de 58 milhões de toneladas, ou seja, 5,4% da produção internacional. Em relação às frutas, o destino tem sido, prioritariamente para o mercado interno, embora o Vale do São Francisco se destaque pela exportação de uva e manga de qualidade. A China que tem diversificado seus fornecedores de grãos, visto que importa quantidades significativas dos EUA, seguramente não terá as quantidades desejadas produzidas no Brasil, pelo menos na presente safra.
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